Seis presidenciáveis assinam manifesto conjunto pró-democracia
BRASÍLIA – Um grupo de seis possíveis candidatos à Presidência da República em 2022 lançou na noite desta quarta-feira, dia 31, um manifesto em defesa da democracia, da Constituição Federal de 1988 e contra o autoritarismo. O texto é assinado tanto por nomes da centro-direita quanto da centro-esquerda.
A manifestação pró-democracia ocorre depois de o presidente Jair Bolsonaro demitir o ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva; e os comandantes da Marinha, da Aeronáutica e do Exército. Tanto Azevedo e Silva quanto os demais oficiais foram exonerados por serem contra um alinhamento político das Forças Armadas à gestão Bolsonaro.
O texto é assinado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); pelo apresentador de TV Luciano Huck; pelos ex-candidatos presidenciais em 2018 Ciro Gomes (PDT) e João Amoêdo (Novo) e pelos governadores tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS). Os seis são vistos como pré-candidatos para a disputa de 2022, embora alguns deles não digam abertamente que desejam concorrer. É o caso do apresentador Luciano Huck. “Pessoalmente, assinei por ser um ponto que não podemos abrir mão; nossa liberdade e a democracia. E por ser apartidário e não fulanizado”, afirmou Huck ao Estadão.
“A conquista do Brasil sonhado por cada um de no´s na~o pode prescindir da Democracia. Ela e´ nosso legado, nosso cha~o, nosso farol. Cabe a cada um de no´s defende^-la e lutar por seus princi´pios e valores”, diz um trecho do documento, intitulado de “Manifesto pela Consciência Democrática”.
“Na~o ha´ Democracia sem Constituic¸a~o. Na~o ha´ liberdade sem justic¸a. Na~o ha´ igualdade sem respeito. Na~o ha´ prosperidade sem solidariedade”, continua a missiva.
A iniciativa foi proposta por Mandetta. Ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, o político do DEM foi demitido pelo presidente em abril do ano passado depois de defender medidas de isolamento social para combater a pandemia de covid-19. Segundo apurou o Estadão, as discussões sobre o manifesto começaram na noite de terça-feira, 30, e o texto foi costurado ao longo do dia de hoje com contribuições de todos os signatários.
“Estamos tentando achar primeiro os pontos de convergência. Esse ponto da defesa da democracia é um ponto que une muito. Aí tem que trabalhar primeiro os pontos de convergência, o que a gente está de acordo, e depois você vê onde estão as divergências, para ver se são superáveis ou não”, disse Mandetta antes da divulgação da iniciativa.
A reportagem apurou que o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro também foi procurado para aderir ao manifesto, mas alegou impedimentos profissionais para não aderir oficialmente à iniciativa. Após deixar o governo Bolsonaro, no ano passado, ele se tornou sócio-diretor da consultoria americana de gestão de empresas Alvarez & Marsal. Seu nome, porém, continua sendo especulado como alternativa para 2022.
Segundo organizadores do manifesto, por ser uma iniciativa de centro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não chegou a ser procurado, mas nada impede que ele também assine o documento. No início do mês o petista teve suas condenações na Lava Jato anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, o que o colocou no páreo da corrida eleitoral do ano que vem. “Foi uma iniciativa do centro, mas a partir daí a adesão pode ser ampla”, disse ACM Neto.
O manifesto evoca a união de diferentes forças políticas na campanha por eleições “Diretas Já”, nos anos 1980, e avalia que “três décadas depois, a Democracia brasileira é ameaçada”.
“A Democracia e´ o melhor dos sistemas poli´ticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressa~o, respeito aos direitos individuais, justic¸a para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso so´ acontece em regimes democra´ticos. Fora da Democracia o que existe e´ o excesso, o abuso, a transgressa~o, a intimidac¸a~o, a ameac¸a e a submissa~o arbitra´ria do indivi´duo ao Estado”, diz a carta.
A publicação do manifesto sela a reaproximação de Ciro Gomes, que foi ministro da Integração Nacional de Lula (2003-2006), com as forças políticas de centro-direita. Na prática, Ciro quer se posicionar como candidato de centro para a disputa de 2022 ao Planalto. O texto marca também o início das articulações de Mandetta para tentar viabilizar sua candidatura. Exemplos na~o faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democra´ticos”, diz o texto.
“Homens e mulheres desse pai´s que apreciam a liberdade, sejam civis ou militares, independentemente de filiac¸a~o partida´ria, cor, religia~o, ge^nero e origem, devem estar unidos pela defesa da consciência democrática. Vamos defender o Brasil”, diz o último parágrafo.
Leia abaixo a íntegra do manifesto
Muitos brasileiros foram a`s ruas e lutaram pela reconquista da Democracia na de´cada de 1980. O movimento “Diretas Ja´”, uniu diferentes forc¸as poli´ticas no mesmo palanque, possibilitou a eleic¸a~o de Tancredo Neves para a Preside^ncia da Repu´blica, a volta das eleic¸o~es diretas para o Executivo e o Legislativo e promulgac¸a~o da Constituic¸a~o Cidada~ de 1988. Tre^s de´cadas depois, a Democracia brasileira e´ ameac¸ada.
A conquista do Brasil sonhado por cada um de no´s na~o pode prescindir da Democracia. Ela e´ nosso legado, nosso cha~o, nosso farol. Cabe a cada um de no´s defende^-la e lutar por seus princi´pios e valores.
Na~o ha´ Democracia sem Constituic¸a~o. Na~o ha´ liberdade sem justic¸a. Na~o ha´ igualdade sem respeito. Na~o ha´ prosperidade sem solidariedade.
A Democracia e´ o melhor dos sistemas poli´ticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressa~o, respeito aos direitos individuais, justic¸a para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso so´ acontece em regimes democra´ticos. Fora da Democracia o que existe e´ o excesso, o abuso, a transgressa~o, a intimidac¸a~o, a ameac¸a e a submissa~o arbitra´ria do indivi´duo ao Estado.
Exemplos na~o faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democra´ticos.
Homens e mulheres desse pai´s que apreciam a LIBERDADE, sejam civis ou militares, independentemente de filiac¸a~o partida´ria, cor, religia~o, ge^nero e origem, devem estar unidos pela defesa da CONSCIE^NCIA DEMOCRA´TICA. Vamos defender o Brasil.