Paralisação afeta o registro de boletins de ocorrência

Foto: Magnus Nascimento

Os últimos dias têm sido marcados, para a população potiguar, pelo início de várias greves que afetam diretamente serviços básicos ofertados pelo poder público. Investigações de crimes e o registro dos boletins de ocorrência, aulas na UFRN e no IFRN, além de vários serviços nos hospitais, estão paralisados por conta das greves iniciadas nos últimos dias. Além disso, servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RN) também ameaçam paralisar os serviços e realizarão uma assembleia nesta quarta-feira, (24). Neste cenário, a população do Rio Grande do Norte lida com as consequências de paralisações e greves, desencadeadas por categorias ligadas as principais necessidades da sociedade.

Durante a paralisação realizada pelos policiais civis, nesta terça-feira (23), pelo menos 400 agentes lotados em diversas delegacias se reuniram na Central de Flagrantes da zona Sul de Natal, onde os serviços também foram suspensos, assim como em todo o Estado, segundo o Sinpol RN. Pessoas vítimas de crimes em várias partes da Grande Natal procuraram a delegacia, mas não conseguiram ser atendidas. O Governo do RN informou que hoje a Delegacia de Plantão da Zona Sul de Natal voltaria a funcionar.

Mas durante esta terça não foi isso o que aconteceu. O entregador Kevin Emanuel relatou que procurou a delegacia por ter sido roubado em um assalto no domingo (21), enquanto trafegava pelo bairro de Nova Parnamirim. Ele acionou a PM e o veículo foi recuperado horas depois, na zona Leste de Natal. Porém, os criminosos cometeram infrações de trânsito, o que gerou uma multa ao entregador. Ele foi à delegacia para tentar comprovar, por meio do boletim, que não foi responsável pelo delito.

“Agora, vou ter que acionar um advogado para reverter isso. Como eu achei na mesma hora, os policiais me permitiram levar a moto. Mas a multa causou a suspensão da minha CNH. Não julgo os policiais pelo movimento já que estão exigindo os direitos deles. O governo daqui não valoriza o servidor”, afirmou.

Na tarde do dia 22, mais uma rodada de negociação foi realizada entre os policiais civis e a equipe do Governo. Na ocasião, o SINPOL e demais entidades aguardavam uma sinalização em relação à proposta de 10% que havia sido aprovada pelos Policiais Civis e seria avaliada pelo Comitê Gestor do Estado. A proposta do Estado foi de 5%.

Educação
Na educação, a greve dos servidores dos institutos federais causou a suspensão de aulas e colações de grau, sendo estas apenas liberadas se foram marcadas antes da greve. Apenas serviços considerados essenciais, como pagamentos de salários de servidores ativos, aposentados e pensionistas, estão acontecendo. Na universidade, a suspensão afeta um número estimado de 57,2 mil estudantes de graduação, pós-graduação e de cursos técnicos oferecidos.

Segundo informou o Adurn-Sindicato, o Governo Federal fez uma contraproposta para os docentes da universidade na última sexta-feira (19). A contraproposta será discutida em assembleia da categoria nesta quarta-feira (24), às 14h, no auditório da reitoria.

Enquanto outras categorias realizam a interrupção dos serviços pela falta de consenso, nas negociações salariais entre estas e o Governo do RN, policiais e bombeiros militares fecharam acordo com o Estado, na segunda-feira (22), e terão um reajuste salarial de 8%. O percentual será implantado em janeiro de 2025, mais uma estimativa do IPCA no mês de abril também do próximo ano e um segundo reajuste de 5% em janeiro de 2026, mais a reposição do IPCA a cada mês de abril.

Outro ponto que também foi aprovado pela categoria foi o encaminhamento do PL que promove a reestruturação na carreira dos Militares Estaduais, viabilizando a promoção EX-Ofício do Soldado (ingressos pós 2015) à graduação de Cabo com 4 anos e 6 meses.

O Projeto de Lei será enviado à Assembleia Legislativa em 15 de maio. A mesa de negociação permanece aberta para discussões de outras pautas que ficaram pendentes e que são do interesse da categoria.

Tribuna do Norte