Crise Hídrica no RN: Senador Styvenson denuncia abandono
O senador Styvenson Valentim (PSDB) usou suas redes sociais nesta quarta-feira (29) para denunciar a grave crise hídrica que assola o estado do Rio Grande do Norte. Em uma transmissão ao vivo, ele relatou as condições precárias enfrentadas por comunidades do interior, destacando o caso da comunidade do Sucavão, no município de São Tomé, onde inaugurou, na última segunda-feira (27), dois poços equipados com dessalinizadores — tecnologia que transforma água salobra ou salina em água potável. A ação beneficiou diretamente 10 famílias que, até então, não tinham acesso à água limpa.
Durante a live, o senador compartilhou a história comovente de seu Rivaldo, um senhor de 88 anos que, segundo ele, nunca teve acesso a água potável. “Seu Rivaldo mora em uma casa de taipa, em condições desumanas. As necessidades fisiológicas são feitas no mato, sem nenhuma estrutura. Fiquei perplexo e profundamente tocado com a pobreza daquela região. Água é dignidade para essas pessoas”, afirmou.
A situação relatada por Styvenson reflete um problema estrutural que atinge grande parte do estado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 153 mil domicílios potiguares — o equivalente a aproximadamente 441 mil pessoas — ainda não possuem ligação à rede geral de abastecimento de água. A seca prolongada, que atinge cerca de 91% do território potiguar, agrava ainda mais o cenário, especialmente nas zonas rurais.
De acordo com o Censo 2022, 13,4% dos domicílios no RN utilizam como principal fonte de abastecimento alternativas como poços, cisternas, carros-pipa ou fontes naturais. Em outubro de 2025, cerca de 70 municípios ainda dependiam da operação de carros-pipa para atender aproximadamente 80,5 mil pessoas na zona rural. A escassez hídrica, monitorada pela Agência Nacional de Águas (ANA), tem provocado estresse contínuo nos reservatórios e sistemas produtores, comprometendo o fornecimento inclusive em sedes municipais e distritos.
Para enfrentar esse desafio, o relatório Atlas Águas por Estado, da ANA, estima que serão necessários R$ 2,96 bilhões em investimentos até 2035 para universalizar o abastecimento urbano no RN. Esse montante contempla obras de captação, adutoras e redes de distribuição. Além disso, há previsão de mais R$ 2,14 bilhões para reposição e modernização dos sistemas existentes no mesmo período.
No entanto, a situação nas áreas rurais dispersas é ainda mais crítica: não há uma estimativa estadual consolidada para investimentos. Isso exige que cada município ou microrregião desenvolva seus próprios programas de perfuração de poços, implantação de mini-redes, construção de cisternas ou instalação de sistemas de dessalinização.
