Turismo tem prejuízo de R$ 312 bilhões no Brasil

As atividades turísticas já somam um prejuízo de R$ 312,6 bilhões desde o agravamento da pandemia do novo coronavírus no País, em março de 2020. O setor chegou a março de 2021 operando com aproximadamente 45% da sua capacidade mensal de geração de receitas, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O setor turístico só deve recuperar ao fim de 2022 o nível médio de geração de receitas mensais do pré-pandemia, prevê o economista Fabio Bentes, da CNC, responsável pelo estudo. Em meio ao recrudescimento da pandemia de covid-19 e o endurecimento de medidas restritivas a partir de março, a expectativa é de novas perdas significativas no curto prazo, prevê Bentes. No entanto, o avanço da vacinação da população nos próximos meses e a base de comparação deprimida devem melhorar os resultados do segundo semestre.

“Esse prejuízo do setor de turismo está com tendência de alta desde o início do ano. A situação do setor é muito frágil, com tendência de queda. A segunda metade do ano deve ser melhor, se conseguirmos superar a segunda onda da pandemia no Brasil”, ressaltou Fabio Bentes, que prevê um avanço de 18,8% no volume de receitas do turismo em 2021.

As perdas mensais de faturamento do turismo brasileiro cresceram de R$ 13,38 bilhões em março para R$ 36,94 bilhões em abril, até o pico de R$ 37,47 bilhões em maio. Houve redução no ritmo de perdas desde então, descendo a um prejuízo de R$ 34,18 bilhões em junho, R$ 31,87 bilhões em julho, R$ 29,02 bilhões em agosto, R$ 24,98 bilhões em setembro, R$ 20,73 bilhões em outubro, R$ 16 91 bilhões em novembro, R$ 15,83 bilhões em dezembro e R$ 13,35 bilhões em janeiro.

Com o recrudescimento da pandemia, o mês de fevereiro de 2021 marcou uma interrupção nessa tendência de redução de danos: a perda mensal cresceu a R$ 15,96 bilhões, subindo novamente em março, a R$ 22,03 bilhões.

Mais da metade (51,9%) do prejuízo apurado até agora pelo setor ficou concentrado nos estados de São Paulo (R$ 112,9 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 49,4 bilhões). A estimativa da CNC considera o que o turismo deixou de arrecadar desde a segunda quinzena de março até o fim de março, tendo como base informações das pesquisas conjunturais e estruturais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de séries históricas referentes aos fluxos de passageiros e aeronaves nos 16 principais aeroportos brasileiros.

O agregado especial de Atividades turísticas cresceu 2,4% em fevereiro ante janeiro, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta quinta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segmento de turismo avançou 127,5% entre maio de 2020 e fevereiro de 2021, mas ainda precisa crescer 39,2% para retornar ao patamar de fevereiro do ano passado, no pré-pandemia.

Turismo local

O anúncio da prorrogação por mais oito dias do decreto com restrições a diversas atividades no Rio Grande do Norte não foi bem recebida por empresários do estado, principalmente na área de turismo, hostéis, bares e restaurantes. Após a publicação do decretoontem , o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Rio Grande do Norte (SHRBS-RN) afirma que medidas estão “matando” o setor.

No decreto, a governadora Fátima Bezerra manteve o toque de recolher das 20h às 6h de segunda a sábado, e das 20h do sábado até as 6h da segunda-feira. Além disso, segue a proibição da comercialização de bebidas alcoólicas nos bares e restaurantes. Para os empresários do setor, a prorrogação é preocupante.

Segundo o presidente do SHRBS-RN, Habib Chalita, a ocupação hoteleira está muito baixa e há casos de que proprietários de bares e restaurantes preferem não abrir a ter que funcionar somente no horário antes do toque de recolher. Isso, somado à suspensão dos eventos, tem contribuído para o aumento no número de demissões e perdas significativas no setor.

“Entendemos a preocupação com a vida e que estamos em um momento delicado, mas é preciso que o Governo também atente que cada novo decreto, cada prorrogação vai ‘matando’ e desestruturando, principalmente, o setor de turismo, que representa R$ 65% dos recursos movimentados no estado. As demissões são cada vez mais preocupantes, sem falar na quantidade de empresas que suspendendo atividades e dificilmente irão retornar aos trabalhos se criando um cenário de caos no Rio Grande do Norte”, disse o empresário. Pelo decreto publicado nesta quinta-feira, as restrições permanecerão vigentes até o dia 23 de abril.

Perdas

As restrições decorrentes da pandemia da covid-19 impactaram fortemente o setor de bares e restaurantes do Rio Grande do Norte. Em comparação ao mês de fevereiro deste ano, o setor teve uma queda de 37,84% no faturamento em março, mês de restrições mais rígidas impostas por decretos estadual e municipais. As informações são do Boletim Mensal de Atividade Econômica da Secretaria de Tributação do estado.

Em comparação com os dados do ano passado, o levantamento da Secretaria de Tributação aponta que o setor de bares e restaurantes teve uma retração nas vendas de 30% mensais a partir de março do ano passado. Se em dezembro de 2020 houve faturamento médio de R$ 4,8 milhões por dia no setor, os meses de abril, maio, junho e julho tiveram movimentações abaixo dos R$ 2 milhões diários. A partir daí, teve início a forte recuperação do setor.

Em janeiro e fevereiro deste ano, com veraneio e carnaval, bares e restaurantes tiveram faturamento médio diário de R$ 4,59 milhões e e R$ 4,36 milhões. Porém, em março, com as restrições e suspensão de funcionamento, o faturamento médio diário do setor ficou em R$ 2,71 milhões.

Em março, além do toque de recolher das 20h às 6h, em 17 de março o Rio Grande do Norte decretou o fechamento total de várias atividades não essenciais, incluindo bares e restaurantes. Desde o dia 5 de abril, o toque de recolher voltou a vigorar, mas houve a liberação para retomada de parte do funcionamento dos bares e restaurantes.

TRIBUNA DO NORTE

Foto: Ney Douglas

Daniel Pereira

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